Sabe aquela história de que somos um pouco de todas as referências que temos na infância? Acredito sim que isso serve para toda a vida, mas é inegável que quando nos tornamos adultas e conseguimos ser aquilo que vimos nossas ídolas, artistas favoritas, mães e avós, entre muitas outras mulheres que nos inspiram, são, dá um orgulho no coração.
Eu aprendi a importância da representatividade tarde, justamente por nunca me sentir representada na infância. Cresci sendo uma criança gorda, sem muitas referências de mulheres gordas bem sucedidas e representadas como bonitas, divertidas, saudáveis… Crescer nos anos 90 foi ver nas tvs e revistas, mulheres gordas taxadas de doentes ou usadas como piada para o entretenimento da sociedade que venerava supermodels ultra magras e cedia ao padrão de beleza imposto pelo patriarcado.
Mas hoje, a internet (ou o bug do milênio na sociedade hahaha) facilitou o impulsionamento de mulheres “normais”, com corpos, carreiras, ideias, raças e identidades diferentes. Foi aí que começamos a ouvir o termo “representatividade”, o ato de se enxergar em outra pessoa.
Ontem uma menina atleta de 13 anos levou a medalha de prata na modalidade Skate Street das Olimpíadas de Tokyo 2020. O nome dela? Rayssa Leal! 💜
E o que a Rayssa tem a ver com representatividade? Bom, tudo. Ela começou a andar de skate com 6 anos e além do apoio da família, se inspirou em outra atleta brasileira que disputou as olimpíadas, Letícia Bufoni.
Letícia já é famosa na internet a bastante tempo e se tornou uma das skatistas brasileiras com maior visibilidade nas redes, ou seja, uma grande representatividade para meninas que querem começar a treinar a modalidade.
Rayssa se sentiu representada por Letícia, uma mulher campeã em um esporte que além de marginalizado, sempre foi visto como coisa de menino. Logo depois de começar a andar de skate, Rayssa viralizou nas redes com um vídeo treinando vestida de fada, foi assim que ganhou o título de Fadinha do Skate. Aos 13 anos, ela já é exemplo e representação para meninas que querem começar no esporte, mostrando que elas conseguem sim virar medalhistas olímpicas.
Ela é a representação da nova geração, onde 65% das meninas acreditam que não existe distinção das atividades para meninos e meninas.
O legado da representatividade feminina é mostrar para meninas que elas podem virar mulheres bem sucedidas em vários âmbitos da vida, mesmo em um país socialmente machista e que não investe no crescimento das mulheres e na igualdade de gênero. Que podem ser novas Beyoncés, Fridas, Marianas (a Xavier, no meu caso), Anittas, Letícias e claro, Rayssas!